sexta-feira, 3 de junho de 2011

Negócios

               O mundo vendeu, e eses investidores
              compraram durante a crise de 2008


AndréMachado, assessor deinvestimentos: já ganhou 500 000 reais
O assessor financeiro André Machado, de 43 anos, ficou milionário durante a crise de 2008. Enquanto a maioria dos investidores — de fundos de hedge e de pensão internacionais a pequenos poupadores — corria para aplicações ultraconservadoras, ele colocou 100 000 reais, um terço do que tinha no banco na época, no arriscadíssimo mercado futuro de opções.
Seu objetivo era apostar na queda das ações da Vale. Se errasse, poderia perder ainda mais do que havia aplicado. Como acertou — o valor de mercado da mineradora caiu pela metade em poucos meses —, ganhou 150 000 reais. Quando achou que as ações da Vale haviam chegado ao fundo do poço, no fim de 2008, investiu 150 000 reais na empresa, e embolsou mais 350 000 reais.
"Comprei um carro de luxo e reformei toda a minha casa com o que ganhei", diz Machado, que passou quase um ano acordando às 4 horas da manhã para acompanhar as ações das principais concorrentes da Vale, a BHP Billiton e a Rio Tinto, listadas na bolsa de Londres, e decidir o que faria com seu investimento aqui. "Nunca sabia com que surpresa eu acordaria, porque o mercado estava muito volátil. Mas achava que tinha uma chance única de ganhar bastante dinheiro", diz.
Olhando pelo retrovisor, parece óbvio que os últimos meses de 2008 eram o momento ideal para aplicar mais em ações. O Índice Bovespa caiu para 29 435 pontos, o menor patamar em três anos, e dezenas de empresas passaram a ter valor de mercado inferior à soma de seus ativos — o que, na matemática que rege o mercado acionário, significa que estavam extremamente baratas.
Investir quando o pessimismo está no auge é um dos conselhos mais repetidos pelos consultores financeiros — no século 19, quando a Europa estava mergulhada em guerras, o barão Nathan Rothschild, um dos maiores banqueiros da história, disse que "a hora de comprar é quando o sangue corre pelas ruas".
O problema é que, em meio ao caos que tomou conta do mercado no final de 2008, boa parte dos especialistas fechou os livros de finanças e não recomendou a seus clientes que aplicassem mais na bolsa. Primeiro, porque havia o risco real de ver as ações desvalorizar ainda mais.
Segundo, por um aguçado instinto de autoproteção. "Estávamos sendo processados por investidores que diziam que os havíamos induzido a arriscar demais antes da crise. Tínhamos de ser conservadores", afirma Peter Weiss, dono da corretora SLW. A maioria dos investidores abandonou o mercado de ações naquela época: os estrangeiros sacaram 25 bilhões de reais da Bovespa, o volume de negócios da bolsa caiu 40% e quase 30 000 pessoas físicas venderam todos os papéis que tinham.
O sangue, portanto, estava nas ruas. "Meus amigos diziam que eu estava louco, mas, para mim, ninguém é mais habilidoso que banqueiro para ganhar dinheiro. Por isso, apostei na retomada desse setor", diz Júlio Sergio Cardozo, ex-presidente da consultoria Ernst & Young Terco no Brasil.
No fim de 2008, ele aplicou 1 milhão de reais em ações de bancos estrangeiros, como Citi e Deutsche Bank, que haviam caído mais de 40%. Também investiu em papéis de instituições brasileiras, como Banco do Brasil e BicBanco, que estavam em baixa em razão do temor generalizado em relação aos bancos.
Ganhou 1,1 milhão de reais, e mantém boa parte do lucro aplicada nos mesmos papéis. "Minha carteira ainda tem potencial, principalmente com a retomada da economia americana", diz. O dono de uma consultoria de investimentos de São Paulo conta que vendeu seu carro e o da mulher para investir em papéis de grandes companhias, como Gerdau, Vale e Itaú, em outubro de 2008.
"No escritório, organizávamos espécies de grupos de investimento toda semana: cada funcionário dava uma quantia para fazermos grandes aplicações na bolsa. Depois dividíamos o lucro de acordo com o que cada um havia colocado. Até a faxineira ganhou dinheiro", diz ele.

Intuição

A melhor explicação para o comportamento dos investidores durante a crise de 2008 vem de estudos de uma área relativamente nova da economia, a psicologia financeira. No livro O Espírito Animal, o americano Robert Shiller, professor da Universidade Yale e um dos maiores estudiosos do tema, diz que é a intuição, e não o pensamento racional, que influencia as decisões econômicas da maioria das pessoas.
"Ainda que achassem que a queda das ações era exagerada, muitos investidores decidiram simplesmente seguir seus instintos e vender, como a maioria estava fazendo", diz Vera Rita de Mello Ferreira, principal especialista brasileira em psicologia econômica. "É uma reação comum durante as crises."
Para tentar evitar esse tipo de armadilha, investidores experientes costumam criar uma rotina de aplicações para ser seguida qualquer que seja a situação do mercado. É o que faz o microempresário mineiro Antonio Marcos. Sua regra é colocar 80% do patrimônio em ações quando a bolsa está em queda, e reduzir o valor para apenas 20% se houver valorização.
A grande tacada de Marcos na crise foi aplicar 500 000 reais em ações ordinárias da fabricante de papel e celulose Aracruz em outubro de 2008, quando os papéis custavam 5 reais e a empresa tinha acabado de naufragar devido a operações desastradas com derivativos exóticos. Vendeu tudo três meses depois, com lucro de 130%.
Hoje, esses três investidores que fizeram pequenas fortunas após a quebra do banco americano Lehman Brothers têm aplicado de forma mais conservadora. André Machado, que já voltou a dormir a noite toda, passou a diversificar sua carteira de ações e a fazer investimentos de curto prazo: em meados de abril, comprou papéis da BM&F Bovespa e da Usiminas.
Para ele, essas ações estão baratas em relação à média de seus setores. Antonio Marcos está com quase todo o patrimônio aplicado em CDBs de grandes bancos e títulos públicos para se proteger da inflação. Na opinião dele, quase todas as ações de empresas brasileiras estão caras. Além de manter os papéis de bancos comprados durante a crise, Júlio Cardozo divide seu patrimônio em fundos de ações e de renda fixa. "Está mais difícil ganhar dinheiro na bolsa agora", diz.
Entre os grandes investidores institucionais, os que mais ganharam dinheiro nos últimos três anos foram os que fizeram apostas de altíssimo risco. O maior exemplo é o gestor americano John Paulson. Desconhecido antes da crise de 2008, ele embolsou 4 bilhões de dólares — o maior bônus já pago em Wall Street até então — ao apostar na falência das hipotecas subprime nos Estados Unidos quando esse segmento estava em ascensão.
No ano passado, bateu seu próprio recorde e ganhou mais 5 bilhões de dólares, obtidos com investimentos pesados feitos no mercado de ouro. "São números que impressionam, mas é importante lembrar que foi esse tipo de investidor, que toma riscos muito acima da média, que ajudou a provocar a crise de 2008", diz David Laibson, professor de economia e psicologia na Universidade Harvard. "Existem pesquisas que mostram que 70% dos investidores extremamente agressivos, aqueles que compram ações de empresas em dificuldades esperando que elas se recuperem, perdem tudo ou quase tudo o que aplicaram alguns meses depois."
Em 2005, André Machado teve um prejuízo de 200 000 reais ao apostar na valorização das ações da empresa de telefonia Telemar no mercado futuro. Ele achou que ficaria milionário naquela época, mas acabou mergulhado em dívidas. Sua estratégia deu certo em 2008. O desempate fica para a próxima crise.






                   Blogs que dão muito lucro.


                       


Lançando o equivalente digital à mensagem na garrafa no vasto oceano da internet, muitas pessoas começam sites ou blogs esperando encontrar um público apreciativo para os vídeos de seus rebentos precoces, receitas de bolinhos ou comentários profundos sobre a vida cotidiana. O sonho, claro, é desenvolver uma ampla e leal legião de seguidores – e acabar lucrando com isso.
Embora a maioria desses editores de si próprios não atraia a atenção de qualquer pessoa além de familiares e amigos, existem aqueles que obtêm um reconhecimento maior – e algum lucro. O que esses bem-sucedidos têm em comum é uma paixão por seu assunto e uma quase compulsão por compartilhar o que sabem. Propaganda, merchandising, eventos offline, contratos de livros, doações – e algumas vezes a pura sorte – também podem ter alguma participação.
“Meu conselho é escolher um tópico do qual você nunca se cansará”, disse Stephanie Nelson, de 47 anos, dona de casa de Atlanta que fundou o CouponMom.com em 2001. O site compartilha dicas sobre como economizar dinheiro ao usar cupons de compras, comuns nos EUA. “Nos primeiros três anos eu não ganhei nem um tostão; para seguir com tudo, tinha de amar o que estava fazendo”.
Segundo ela, o site possui hoje mais de 3,8 milhões de visitantes por mês e a receita gerada sustenta uma família de quatro pessoas – permitindo que seu marido se aposentasse precocemente, há cinco anos. “Não estou cansada disso”, afirmou Nelson.
Metade da receita do site vem do serviço AdSense, do Google, e a outra metade de empresas como Groupon e LivingSocial – que compram anúncios diretamente com ela. O AdSense gera anúncios de texto com base nas palavras que aparecem nas páginas web. Por exemplo, se um posto do blog fala de cachorros, surgem anúncios de rações caninas.
Muitos dos anúncios do Google só geram lucro se as pessoas clicam neles – geralmente frações de centavos por cada clique. Também é possível ser pago a cada vez que um anúncio Google aparece numa página. As taxas são determinadas, em parte, por publicitários fazendo lances num leilão online.
Outras empresas, como BuySellAds.com eBlogAds, permitem que os blogueiros determinem o quanto querem cobrar pelos anúncios em seus sites. Então eles ligam os sites aos anunciantes, cobrando uma porcentagem das vendas de anúncios – geralmente, entre 14 e 30 por cento.
Blogs que se transformam em empregos
A Federated Media, empresa de gerenciamento de talentos na Web, é mais seletiva, negociando taxas em nome de criadores independentes de conteúdo que concorda em representar. No geral, valores de anúncios online variam bastante, de US$ 54 mil por dia para um anúncio no popular blog PerezHilton.com, a US$ 10 por mês no blog de quadrinhos The Soxaholix. The New York Times Co. investe na Federated Media.
Clayton Dunn, de 32 anos, e Zach Patton, de 31, os blogueiros por trás de The Bitten Word, ganham cerca de US$ 350 ao mês com os anúncios de pagamento por clique do Google e em comissões do site Amazon.com – quando os leitores seguem links de aparelhos de culinária, livros e assinaturas de revistas que eles recomendam. Dunn e Patton, que moram em Washington e blogam sobre receitas de revistas populares que tentaram fazer, começaram o site em 2008 – e hoje têm cerca de 150 mil visitantes por mês.
“Hoje ele rende mais do que o dinheiro do pão”, declarou Dunn, acrescentando que eles ainda são recompensados pelos leitores, que lhes presenteiam com iguarias como abacates frescos e xarope de gengibre havaiano.
Para quem quer aumentar a receita com anúncios, Jonathan Accarrino, fundador do blog de tecnologia e 'como fazer’ MethodShop.com, sugere ter anúncios contextuais; estes são palavras destacadas no meio dos posts, com links ao vendedor de um produto ou serviço relevante. Uma comissão é paga sobre as vendas geradas.
Segundo Accarrino, inserir vídeos num post é outra estratégia que contribui à receita anual de seis dígitos de seu blog: “Gravo tutoriais em vídeo e faço o upload ao Blip.tv”, serviço similar ao YouTube. E como o YouTube, o Blip.tv dá aos usuários a opção de colocar anúncios nos vídeos. Estes geram de US$ 1 a US$ 10 para cada mil visualizações, dependendo do anunciante.
De fato, muitos blogueiros de vídeo ganham dinheiro dessa forma. Sheila Ada-Renea Hollins-Jackson, maquiadora de 22 anos de Farmington, Michigan, recebe até US$ 200 por mês com os 63 vídeos sobre tratamentos de beleza que postou no YouTube desde 2008. “Já paga minha conta de celular”, disse ela.



Blogs que se transformam em empregos
(Continuação)
Esses blogueiros se inscrevem ou são convidados pelo YouTube para exibir anúncios com base no número de visualizações ou na qualidade do conteúdo.
Vender produtos num blog ou site pessoal pode render ainda mais dinheiro.
Darren Kitchen, de 28 anos, diz ganhar US$ 5 mil por mês vendendo adesivos, camisetas, bonés e ferramentas para hackear computadores em seu site, Hak5.org, que oferece um vídeo semanal sobre hackear computadores.
“É uma loucura o número de pessoas que quer os adesivos”, afirmou Kitchen, que iniciou o Hak5 em 2005 e afirma ter 250 mil visitantes mensais.
Contratos de livros são o objetivo final para muitos blogueiros aspirantes a escritores. Molly Wizenberg, de 32 anos, começou seu blog, o Orangette, em 2004, como forma de afiar suas habilidades de escrita após abandonar um programa de doutorado em antropologia.
Suas reflexões sobre comidas e a vida atraíram 350 mil visitantes por mês e a atenção da editora Simon & Schuster, levando à publicação no ano passado de seu livro, 'A Homemade Life: Stories and Recipes From My Kitchen Table’ ('Uma vida caseira: Histórias e receitas da minha mesa da cozinha’, em tradução livre). Em abril ela assinou contrato para escrever mais um livro.
“Isso vai além do que jamais imaginei”, afirmou Wizenberg.
Algumas pessoas simplesmente pedem que seus fãs e seguidores façam doações para apoiar seus esforços criativos. Kelly DeLay, de Frisco, no Texas, disse receber de US$ 200 a US$ 400 por mês dos visitantes de seu site, The Clouds 365 Project, no qual ele posta uma foto diária de formações de nuvens. “As pessoas podem ser bastante generosas”, disse DeLay, que começou a tirar fotos de nuvens depois de perder o emprego de diretor de mídias interativas, em 2009.
Cobrar pelo conteúdo também é uma opção. Collis Ta’eed, morador da Austrália de 31 anos, fundou o FreelanceSwitch.com, que oferece conselhos práticos a trabalhadores freelance, e o Tuts(PLUS), que traz tutoriais relacionados à tecnologia. Ele garante ganhar US$ 150 mil por mês com seus sites, a maior parte de conteúdo premium – basicamente tutoriais e e-books. “As pessoas pagarão por conteúdo se você lhes oferece algo de valor, que seja autêntico e útil de maneira geral”, disse Ta’eed, contando que seus dois sites recebem 6,4 milhões de visitantes por mês. Um exemplo de conteúdo útil é o quadro de empregos do FreelanceSwitch, que rende US$ 7 mil por mês, afirmou. Quem divulga vagas não paga nada; quem busca empregos paga US$ 9 por mês.
Blogs que se transformam em empregos
E algumas vezes, pessoas pagam para comparecer a eventos organizados por blogueiros que admiram. Steve Pavlina, de Las Vegas, disse ganhar US$ 40 mil com os workshops de final de semana que surgiram a partir de seu blog, StevePavlina.com, focado em questões ligadas ao desenvolvimento pessoal. Ele criou o blog em 2004, e diz ter 2,4 milhões de visitantes mensais. Além dos workshops, ele disse fazer cerca de US$100 mil por mês em comissões de vendas de produtos recomendados no blog, como cursos de leitura dinâmica e liquidificadores de alta velocidade.
“Digo às pessoas que, se elas querem começar um blog unicamente para ganhar dinheiro, é melhor desistir logo de cara”, afirmou Pavlina. “Você precisa gostar muito e ser apaixonado pelo assunto”.
The New York Times News Service/Syndicate - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times._NYT_.



Um comentário:

  1. Sou corretor e como faço para ter contato com assessor financeiro André Machado?

    wescley.vinicius@gmail.com

    ResponderExcluir